Lusitania

Lusitânia (em latim: Lusitania) foi o nome atribuído na antiguidade ao território oeste da Península Ibérica onde viviam os povos lusitanos desde o Neolítico, e que após a conquista romana passou a designar a província romana cuja capital era Emerita Augusta, atual Mérida.

A Lusitânia romana incluía aproximadamente todo o território português actual a sul do rio Douro, a Extremadura espanhola e parte da província de Salamanca. Tornou-se uma província romana a partir de 29 a.C. até ao fim do vínculo com Roma e entrega aos Alanos em 411. Considerada a origem ancestral de Portugal, a Lusitânia pré-romana onde pontuou Viriato está na base do movimento lusitanista.

 

Lusitânia pré-romana

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Mapa etnográfico e linguístico da Península Ibérica cerca de 200 a.C., do fim da segunda guerra Púnica.

A primeira referência à Lusitânia foi feita nas Histórias de Políbio.[1] O historiador e geógrafo grego Estrabão (aprox. 63 a.C - 24 d.C) descreveu a Lusitânia pré-romana, numa primeira análise, desde o Tejo à costa cantábrica, tendo a Ocidente o Atlântico e a Oriente as terras de tribos célticas. A Lusitânia pré-romana é referido como o período até29 a.C. quando foi criada por Augusto a província Lusitânia, o limite ao norte passou a ser o rio Douro e ao sul ultrapassou o Tejo, anexando a Extremadura espanhola, Alentejo e Algarve; e a oriente ocupou parte das terras dos célticos.

Oxthracai, maior cidade dos lusitanos, segundo Apiano,[2] foi destruída em 152 a.C.. Apesar das fronteiras da Lusitânia não coincidirem perfeitamente com as de Portugal de hoje, os povos que habitaram aquela região são uma das bases etnológicas dos portugueses do centro e sul. Desde épocas remotas esta faixa territorial foi ocupada pelo homem. Dos tempos pré-históricos restam vestígios como as grutas naturais e artificiais de Estoril, Cascais, Peniche, Palmela Escoural ou também a cova chamada "Cuna de Viriato" em Valência de Alcântara ou Maltravieso em Cáceres (Estremadura espanhola). A cova de Escoural foi descoberta acidentalmente por uma detonação de uma pedreira e estudada de imediato pelo Dr. Farinha dos Santos que encontrou intactos os restos mortais dos ocupantes deste refúgio, abrigo e jazida funerária; outras jazidas com restos do paleolítico e neolítico são os conceiros do vale do Tejo e Sado, em Muge, da ribeira de Magos, dos arredores da Figueira. Mas principalmente a cultura megalítica, com os dólmens, monumentos de falsas cúpulas de Alcalar no Algarve, que teve no território português um dos seus maiores focos de expansão junto com o oeste estremenho (a célebre "ruta de los dolmenes" da Estremadura), constitui um testemunho, que desde épocas longínquas este território foi um «habitat» privilegiado.

Supõe-se que o Périplo de um navegador massaliota, efetuado por volta de 520 a.C., que descreve a sua viagem marítima ao longo das costas da península, tenha sido aproveitado por Rufo Festo Avieno, escritor do século IV, para compor a Ode Marítima. No seu poema, Avieno refere-se aos "Lucis", que seria considerada, por alguns autores, a mais antiga menção aos Lusitanos neste território. [3] Além deles foram referidos os Estrímnios, os Draganos, e a sul, na atual região do Algarve, os Cinetes ou Cónios.

Muitos dos povos antigos que entraram na Península Ibérica deixaram no território da Lusitânia vestígios bem marcados dos contatos comerciais e de influência cultural. Ficariam perfeitamente acentuados e reveladores de uma assimilação mais profunda os vestígios da ocupação romana, a que se seguiriam as ocupações dos visigodos e dos árabes. Alguns historiadores antigos referem-se ao ouro da Lusitânia, riqueza que como a prata é hoje testemunhada pela frequência dos achados em Portugal, de numerosas joias típicas fabricadas com esses metais — colares, braceletes, pulseiras, arrecadas etc. O cobre, em abundância, extraía-se das minas do Sul. O chumbo encontrava-se, segundo Plínio, na cidade lusitana de Medubriga Plumbaria, que da abundância local daquele minério teria recebido o nome.

Os lusitanos, normalmente considerados antepassados dos portugueses do centro e sul do país e dos estremenhos, foram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Inicialmente, uma única tribo que vivia entre os rios Douro e Tejo ou Tejo e Guadiana. Ao norte do Douro limitavam com os galaicos e astures - que constituem a maior parte dos habitantes do norte de Portugal, depois integrados na província romana de Galécia, a sul com os Béticos e a oeste com os celtiberos na área mais central da Hispânia Tarraconense. A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, o mais destacado dos seus líderes no combate aos romanos